Entre

thirty

Virei o sofá e o coloquei de frente para a parede. Parede lisa, sequer uma mancha, uma rachadura, uma tomada. Não tinha o que fazer. Não tinha absolutamente nada o que fazer, e era isso o que eu queria.

Não saberia me sentar, mas o sofá apareceu sob minhas pernas. Insinuou que sem isso eu não teria o que queria. Só que o que eu queria já tinha tido.

O que virei e de frente para não sei o quê… não me importa. O importante eram os cinco palmos entre isso e aquilo, onde pairava toda a solenidade da minha atitude. Por ali já houve ciscos, unhas, escovas de dente: nunca deixou de existir, ainda que por descuido.

Era isso o que eu queria não porque fosse o meu objetivo. Era isso o que queria porque me senti satisfeito quanto a isso. Nunca imaginei o que era isso, apesar de inúmeras vezes ter imaginado o que queria.

Mas era isso mesmo, o que eu queria estava entre o sofá e a parede.