Sombra do tempo

afire

Canto onde não há coisa construída.
Resta apenas um lugar para o espaço,
alheio a todas as horas corridas,
que esquecidas se juntam em chumaços

eternos, sem cor, sem nenhum centímetro,
onde conotam um compartimento
cujo vazio delimita o termômetro
do efêmero — ser no plano do tempo.

Numa ala sombria, passos entulhados
ignoram o rápido ou o devagar,
desprezíveis no infinito do chão.

E mesmo sem fim, destinos calados
compõem as chances que podem raiar:
subterfúgios diante do grande não.