Ficção

espera

espera o que faz? a espera o quê?                                                         o quê?

Quarto

Quarto Fui metendo tudo na gaveta.A irregularidade dos objetos (uma fúria de vespas)conduzia os gestos dos meus dedos. Queria ter o silêncio do espaçoescondido no lugar das coisas. Mas não existe horizonte vago,e a gaveta, mesmo ampla, foi pouca. Então notei o vazio dos gestos.Pois não seria meu quarto somenteuma parcela (talvez um resto)de outra …

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Desgraça

Desgraça Desgraça, desgraça, sódesgraça. À merda, vida!Sumam daqui, otimistas!Desgraça, desgraça, sóo que há. Verdade maldita! Desgraça, desgraça, tudodesgraça. Uma outra parida?!Sumam daqui, otimistas!Desgraça, desgraça, tudodesgraça. Causa perdida!

Comigo

Comigo Cumprimentei-me de longe.Cabisbaixo, distraído,Sequer movi minha fronte— Chega de desconhecidos. Talvez suspeite quem sou,Mas só eu o identifico.

Fora

Fora Os pés empurram o chão.Em frente, um objetotraça o limite da vontade. Um passo sem despedida —fátuo — desconhece olugar do piso que lhe cabe. A distância é irrelevante.Nem longe nem perto,o alcance é uma incapacidade.

Sem título IV

Sem título IV Você tenta gritar, mas acaba engolindo água. Ao mesmo tempo sua mão se destaca em meio à agitação do seu corpo — parece apontar para alguma coisa pendurada na ponte. Gasto toda minha força para empurrá-la. Você a agarra com obstinação, com a mesma certeza que tive de que aquilo era a …

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Prestes

Prestes Olho para trás, tudo está completo.Não há falta, não há nenhum lamento,pois por lá passei e não perdi nada. Mas como se disso eu trouxesse nada,o que foi não basta, jazo incompleto— no tempo, ser é aniquilamento. Essencial é não ter o calamentodo que talvez seja, mesmo que em nadapersista: vão prestes a ser …

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Tem mas acabou

Tem mas acabou Parece que tem um copo em cima da geladeira. Minha vontade de pegá-lo existe tanto quanto a geladeira. Vou atrás da minha vontade — ao mesmo tempo em que ela me coloca atrás do copo.  Não encontro nenhum copo.  Não vejo o copo da mesma forma que não vejo o copo em …

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Sombra do tempo

Sombra do tempo Canto onde não há coisa construída.Resta apenas um lugar para o espaço,alheio a todas as horas corridas,que esquecidas se juntam em chumaços eternos, sem cor, sem nenhum centímetro,onde conotam um compartimentocujo vazio delimita o termômetrodo efêmero — ser no plano do tempo. Numa ala sombria, passos entulhadosignoram o rápido ou o devagar,desprezíveis …

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