bruno

Quarto

Quarto Fui metendo tudo na gaveta.A irregularidade dos objetos (uma fúria de vespas)conduzia os gestos dos meus dedos. Queria ter o silêncio do espaçoescondido no lugar das coisas. Mas não existe horizonte vago,e a gaveta, mesmo ampla, foi pouca. Então notei o vazio dos gestos.Pois não seria meu quarto somenteuma parcela (talvez um resto)de outra

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Fora

Fora Os pés empurram o chão.Em frente, um objetotraça o limite da vontade. Um passo sem despedida —fátuo — desconhece olugar do piso que lhe cabe. A distância é irrelevante.Nem longe nem perto,o alcance é uma incapacidade.

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Sem título IV

Sem título IV Você tenta gritar, mas acaba engolindo água. Ao mesmo tempo sua mão se destaca em meio à agitação do seu corpo — parece apontar para alguma coisa pendurada na ponte. Gasto toda minha força para empurrá-la. Você a agarra com obstinação, com a mesma certeza que tive de que aquilo era a

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Prestes

Prestes Olho para trás, tudo está completo.Não há falta, não há nenhum lamento,pois por lá passei e não perdi nada. Mas como se disso eu trouxesse nada,o que foi não basta, jazo incompleto— no tempo, ser é aniquilamento. Essencial é não ter o calamentodo que talvez seja, mesmo que em nadapersista: vão prestes a ser

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Tem mas acabou

Tem mas acabou Parece que tem um copo em cima da geladeira. Minha vontade de pegá-lo existe tanto quanto a geladeira. Vou atrás da minha vontade — ao mesmo tempo em que ela me coloca atrás do copo.  Não encontro nenhum copo.  Não vejo o copo da mesma forma que não vejo o copo em

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Sombra do tempo

Sombra do tempo Canto onde não há coisa construída.Resta apenas um lugar para o espaço,alheio a todas as horas corridas,que esquecidas se juntam em chumaços eternos, sem cor, sem nenhum centímetro,onde conotam um compartimentocujo vazio delimita o termômetrodo efêmero — ser no plano do tempo. Numa ala sombria, passos entulhadosignoram o rápido ou o devagar,desprezíveis

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Inconvidado

Inconvidado Me perguntam, porque não gosto.Nada mais simples, deu errado,e pra piorar, me foi imposto.Me perguntam, porque não gosto.Insistem, a despeito do óbvio.E mesmo assim, no mesmo fado, me perguntam por que não gosto.Nada mais simples, deu errado!

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Embora

Embora Sempre no mesmo lugar. Já usou carro, ônibus, avião… Não se trata de distância, partir é mais do que por os pés de fora. Queria mudar-se embora não fosse possível se livrar do mesmo lugar. Então foi até a sala e tirou um cartão postal esquecido na gaveta — uma promessa de envio frustrada.

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