bruno

Atrás de mim

Atrás de mim Eu queria poder deixá-lo de lado,como se fosse outra coisa — sem eu —,insensível, longe, impassível, neutra,mas não uma coisa da qual me desfaço. Na verdade, ninguém mais pode tê-lo,pois tê-lo é ser nele identificado.E se acaso decido liquidá-lo,extinguimo-nos juntos num só peso. Entretanto, ainda somos decompostos.O que a vista alcança não

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pouco espaço

pouco espaço na hora em que a subida se encerra a vida empresta seu pesoao vão de expectativas ainda não estimadas por minhas entranhas leve, encontro ao redor retinasdispersas, configurando o limite que tão logose manifesta: alicerce impassível de poses fatigadas no retorno insuspeitável — sempre meio, porque só se pode ser antes do fim

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sujeira

Sujeira Os pratos estão sujos. As cortinas guardam pessoas, carros, motos, portas, pessoas, lixeiras, enquanto o sol escapa pelas brechas. Inútil, a lâmpada ainda irradia a última chance. Os pratos estão sujos. A pia está seca, o pano, enrijecido. A lixeira está vazia, porque os pratos estão sujos. O fogão também está sujo, mas menos

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não pise na grama

Não pise na grama Brinquedos danificados céu plano trapo pendurado difusão de imagens do passado sob a nostalgia de algum outro azulejos quebrados cores desgastadas mãos em pala olhos apertados cadeiras tortas aqui entrava ali saía grades enferrujadas passos sem convicção entre poses grama desconfigurada dissimetria de objetos esparsos imagens de cabeça conceitos frios como

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fruição

Fruição Sentou-se à mesa da cozinha para tomar o café da manhã. A mera expectativa de comer um prato cujos ingredientes havia comprado com esmero e autonomia lhe antecipava a realização de um prazer não apenas sensual. Ainda que corriqueiro na aparência, isso significava o coroamento de uma conquista. Com os talheres suspensos e um

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